segunda-feira, 24 de maio de 2010

Diário de um outono ( a montanha e o caminho )

É a facilidade em caminhar
Por entre o céu e o inferno
Mas de fato não é a morte
Não a do poeta

É o polo norte em chamas
O deserto inundado
Mas de fato não é a morte
Não a do poeta

É um desamor, que fere
É um rancor, que rasga
É um medo, de tudo
Mas não é a morte

Seria covardia demais atribuir isso
Afinal as pedras constroem o caminho
Enquanto voce nao aprende a voar
Precisa pisar em algo sólido

Por vezes tropeça, por vezes chuta
Mas elas estão sempre por lá

É a facilidade em caminhar
Por entre o céu em chamas
Por entre o inferno inundado
Poder tropeçar em cada uma das pedras
E levantar em seguida

Não é a morte do poeta
É a diferença que nos torna comuns
Que cria sonhos e planos
Criando seres humanos

Onde nem todo Chico consegue ser Buarque
Nem todo herói precisa ser covarde
Nem todo amor precisa ser eterno
E nem todo sorriso precisa ser singelo

Eu morri , eu nasci
Não lembro o dia nem o ano
Mas me lembro de tudo que ainda nao fiz
Me lembro de todas as estrelas
E de uma com o brilho mais intenso
Me lembro de todas as mentiras
E de umas que cultivo em verdade
Me lembro de todos os caminhos
E de como todos eles se parecem

E me lembro de um dia
Em uma noite fria
Um sorriso, um brilho
E um coração que novamente se aquecia

Eu morri, eu nasci
Com todas as flores no asfalto
Com todas as pedras e seus espinhos

E mesmo sabendo o final
Sigo novamente o meu caminho ...


Marcelo Diniz
www.marcelodiniz.net

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