sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Alquimia



Ai vem um anjo e estica a mão, e caminha lado a lado com você pelo meio do inferno, e sobe em cada muro das suas angústias, e assopra cada fantasma do seu passado..

Transformar o chumbo da personalidade no ouro do espírito, essa era uma das metas dos alquimistas, uma reta um tanto quanto curva se partirmos do ponto de que somos mortais e errantes, era o engolir uma angústia e quando você já tivesse força suficiente para cuspir de volta ao mundo, feito uma anaconda, digerir de forma fugaz, pegar o problema que você iria gerar para alguém e enviar para o “nunca mais”... guerra santa, guerra pela paz...

É necessário beber o vinho sagrado da luz, néctar divino presente na fonte inesgotável de poder extra humano, capaz de mover montanhas, de girar planetas, de evaporar oceanos e de encharcar desertos, palavra curta de quatro letras, a forma predominante para que a existência tenha sabor... é necessário fartar-se de AMOR !!!

O universo de forma cíclica devolve a energia que você emana, uma vez por hora, quatro vezes por dia, dezoito vezes por mês, trinta milhões de vezes por semana.

O amor que habita em mim encontra então o amor que habita em você.


Marcelo Diniz
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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Os Sonhos Do Mundo



Toda manhã ela assistia ao raiar do dia, o Sol imponente que pulava do escuro do mundo para o colo da gente, tomava o café e saia com um doce e sincero riso de criança.

Passava o portão da casa e mirava a rua, com o céu já azul seguia seu caminho, rodopiava o cotidiano feito roda de ciranda, passava pelos humilhados, aquele amontoado de gente encolhido nos cantos com suas casas de jornais, passava pela tenda ainda fechada da esquina, acenava para a senhorinha que toda manhã colocava sua cadeira na varanda, passava pela rua, passava pelo dia, passava uma semana, era a dona de todo o momento, esticava os braços nos ponteiros do relógio e feito pose de tango com o tempo fazia uma dança.

Já vestiu prata, já usou azul, mas gostava mesmo era do verde, passava pela rua, passava pelo dia, passava uma semana, rodava pelo mundo e no dia seguinte lá estava ela, sem pestanejar, salve dona Esperança.


Marcelo Diniz
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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Hippie pós Moderno

Numa dessas noites, passei perto de uma confusão na rua, era uma briga, e uma das pessoas falava – Eu sou um ex-fuzileiro do exército francês, eu poderia ter “morrido” ele... Claro que essa conjugação foi devido ao nosso complicado idioma para um estrangeiro , mas segui andando para longe daquilo e a frase continuava martelando a minha cabeça, no fim das contas acho que é esse o ofício de um soldado mesmo, cada vida que vai é um pedaço dele indo junto, eu poderia ter morrido faz total sentido, quando falta ombro, quando falta abrigo.

Cada dia tenho mais certeza de que as coisas estão ficando perdidas pelo caminho, e cada dia tenho mais certeza de que a culpa é toda nossa.

Afinal, o ódio é um sentido natural, assim como também é o amor, é só através da luz que você conseguirá enxergar a cor, uma rosa vermelha, um girassol amarelo, um hippie colorido de paz&amor !

Entre a pena de vida e a pena de morte vamos seguindo nossos dias na tênue linha da "pena de sorte".


Marcelo Diniz
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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Café, poesia e duas doses de ironia



 Café, poesia e duas doses de ironia



E diga-me, querida
Hoje, quanto tempo você fica?
Esqueço da vida e preparo o café?
Ou degusto o café
E te preparo a minha vida?

Disse certa vez o poeta, e até que a parábola da jogo, afinal de contas tem dias que o café fica muito doce, por mais que você sempre coloque a mesma medida, por mais que você já tenha feito inúmeras vezes, por mais que você tenha certeza dos atos, por puro capricho ele adoça além, e aquilo que deveria ser um energético acaba virando um calmante.

E tem dias que a vida toma gostos amargos, por mais que você pense que está no comando, que domina os caminhos, que essa é a hora da calmaria, vem a vida por pura ação do universo e te joga um gosto energeticamente amargo, te puxa da zona de conforto e faz caminhar o próximo passo.

...na dúvida, o café decepciona menos... na dúvida, a vida sempre vale mais...


Marcelo Diniz

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Dois cafés, para um



Café, poesia e duas doses de ironia


 Dois cafés, para um

Dia desses voltei com um hábito que tinha ficado deveras esquecido em algum dos meus cantos, resolvi que precisava conversar um pouco comigo e sai sem rumo, em busca do céu, de um café ou dois, sem querer saber o que viria depois.

Subi até o topo e sentei naquela pedra, no meu lugar de ouvir Deus, para contemplar a vida e buscar o silêncio que muitas vezes é ofuscado pelo cotidiano, e fiquei ali vendo as luzes da cidade e aquele furor das pessoas correndo junto com a tal obsolescência programada. Lá no fundo comecei a ouvir aquela voz, feito gritos da alma que surgem no meio da mais tranqüila calma.

Ele falava o que esperava de mim no futuro enquanto eu questionava o que ele tinha feito de mim no passado, traçamos planos, definimos limites e chegamos num mesmo ponto em comum: daqui para frente devemos ter encontros mais freqüentes.

Horas depois voltei, no caminho o templo de todo poeta boêmio, uma casa de café...  entrei, e pedi com cara de “lugar nenhum”:

- Por favor, dois cafés... para um !!!


Marcelo Diniz
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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Por Mais Que A Gente Grite

Café, poesia e duas doses de ironia


Por Mais Que A Gente Grite

Você passa anos criando uma conduta, construindo seus dogmas e tabus, mas basta uma  única situação em que na tênue linha a emoção for mais pesada que a razão, que tudo aquilo que você jurou que nunca faria torna-se um fato normal, seus dogmas e tabus escorrem pelo buraco do ralo e sua conduta é soprada para fora da sua essência como simples poeira em vão.

Pode ser que isso tenha relação com o tal livre arbítrio, com a nossa possibilidade de escolhas, é como ter a perna toda machucada e escolher tratar só uma ou outra ferida, mas eu ainda acho que é por que ainda não percebemos que ninguém nos salva da vida.

Vida que se manifesta por pura falta de opção, deixando fluir vontade, e brota um ser, mesmo sem saber se ele já quer ser, e brota uma dúvida, que vira uma idéia, que agrupa  algumas linhas, e faz então um verso... brota o universo.


Marcelo Diniz
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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Olhei para o relógio, ele marcava 35

Café, poesia e duas doses de ironia


Olhei para o relógio, ele marcava 35

A vida nos dá o direito... e qualquer reflexo da própria imagem já estampa o avesso... reflita enquanto tiver controle do caminho, escreva um soneto com açúcar, tome um café com carinho.

“Comecei a cultivar a barba
Pois era a forma mais fácil
De olhar no espelho e perceber o tempo
Agindo nos meus pelos
Deixando o tom mais prateado
Um dia parei para ler
Essas letras que tenho espalhado pelo mundo
E foi surpresa perceber
Que os versos também
Vão ficando grisalhos”

Feito um eco, em agonia, desejar um bem maior, seja divino ou não, do tempo que te resta, se é um dia mais, uma noite menos, uma questão de opinião, um bem querer além do bem, além do querer, além do não, apenas bem querer, então!



Marcelo Diniz
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quarta-feira, 29 de julho de 2015

A diferença é o que temos em comum

Café, poesia e duas doses de ironia


A diferença é o que temos em comum

Por algum tempo causou-me certa estranheza perceber que encontrar um ponto em comum não era como um jogo de cartas espalhadas pela mesa, muitas vezes a lógica era fora de lógica, feito o braço do carrasco que servia de ombro amigo, em muitas vezes a lógica era totalmente fora de sentido.

Tem gente que nasce para ser rocha, consistente, sólida, segura mas deveras imóvel, e tem gente que nasce para ser rio, de certa imobilidade aos olhos desatentos mas de constante mutação, de comum o fato de nascer gente, de igualdade o fato de que cada um é diferente.

Achei que eu fosse um desses adeptos da rotina, da segurança de uma vida regrada até perceber que era o caos que me dava vida, o improviso, a construção, a criação, o desespero e a alegria formando cada parte, entendi então que era isso o tal “viver em arte”.

Seja feito rocha ou seja feito rio, perceber que somos iguais em ser diferente é o primeiro passo para sermos de fato gente.

E agora João? E agora José?... sigo caminhando e cantando....  sigo voando, sigo a pé !


Marcelo Diniz
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domingo, 26 de julho de 2015

E no jardim os urubus passeiam a tarde inteira entre os girassóis

Café, poesia e duas doses de ironia


E no jardim os urubus passeiam a tarde inteira entre os girassóis

São tempos estranhos, não percebi ainda em qual momento deixamos de ser humildes para semear a arrogância, se é que já fomos humildes, pobres dos seres sensíveis que são catalisadores dessa energia maluca que paira no ar, pobres seres que não sabem onde tudo isso pode parar.

E são nos atos corriqueiros do cotidiano que isso salta na nossa frente, por exemplo, os condutores e seus veículos alucinados que avançam no transeunte sobre a faixa de segurança, que não sinalizam com a seta qual o caminho vão tomar, mostrando assim o quanto se importam com o outro.

Ou então o cara que trata mal o garçom, que humilha o balconista, e até para que não fique caracterizado que isso tem relação com a classe social também tem o vendedor que trata mal o cliente, que acha que é o dono da loja e que está ali fazendo um favor para a gente, aliás, isso na prestação de serviços por aqui é um ato deveras recorrente.

São tempos estranhos, mas esse é o tempo da gente... sejam girassol que eu tentarei ser um gira-lua contente...  e os urubus que passem, passam eles e ficamos nós... as sementes.


Marcelo Diniz
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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Na Noite Escura Da Alma

Café, poesia e duas doses de ironia


Na Noite Escura Da Alma

E não é a carência, não é arrogância, vivemos no grande erro de não saber olhar para os lados, é uma cegueira crônica, justificamos isso chamando de prioridades, mas até que ponto estamos alimentando uma mentira? até que ponto queremos que ela vire verdade?

Veja bem meu bem, se somos um espasmo de momento, uma fagulha de tempo na plenitude do infinito, não seria mais prudente semear a sinceridade? Aceitar o que é, aceitar o que quer, sem raspas, sem tabus, sem restos indigestos.

Acima de tudo perceber que a vibração é um ato cíclico, a energia que você emana é a que volta... cresci numa geração que acostumou a abandonar os sonhos, e hoje estamos abandonando o ato de sonhar, em troca da segurança de uma rotina, somos viciados e o cigarro já nem tem nicotina.


Marcelo Diniz
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domingo, 19 de julho de 2015

Uma Autobiografia Não Autorizada

Café, poesia e duas doses de ironia


*Uma Autobiografia Não Autorizada*

Pessoa dizia: - O poeta é um fingidor
Gullar pedia: - Que a arte aponte uma resposta
Quintana afirmava: - Eles passarão, eu passarinho
Sócrates sacramentava: - Só sei que nada sei

E eu grito: - Socorro!

...quanto mais encontro o meu caminho percebo que estou cada vez mais longe...

Eu finjo saber o cheiro da rosa sem nem ao menos ter vaso em casa, mas já me machuquei com vários espinhos, então de fato tenho conhecimento de causa. Tal qual Pessoa, por completamente: a dor que deveras sente.

Já quis forçar a arte, exigir um caminho, mas a arte é amor, é liberdade, precisa fluir natural... é a vida, como ela é, e até como não é, são as minhas cartas de suicídio, são minhas poesias negadas, e rasgadas, mas também são alegrias, traduzindo anjos, os que me cercam, os que me sopram... são por vezes só o conforto. Sempre fui demasiado humano, buscando a pluralidade na singularidade que me conforta.

Um passarinho, estranho no ninho, patinho feio, apontado, julgado, cobrado, a andorinha que decidiu fazer o verão... era isso afinal, não era pato, não era cisne, e nem era pássaro, era fagulha de Sol... de vontade, de mudança. da esperança das coisas que passarão e até dos erros que cometi e de toda falta de atenção. Passarei ... passará ... passarão.

Não sei até onde chego e nem sei se quero chegar, meu abrigo é o caminho. Não lembro a cor que tem o coração e nem quantas vezes ele bate, mas sinto ele pulsando o sangue, que me escorre em lágrimas, das feridas não cicatrizadas, de amarguras que ainda não tive, de saber que sou tantos e não sou nenhum.

Hoje acho que sou mais arte do que gente, por isso nem sempre sei quem me olha do espelho. E assim será... até a ultima folha, a ultima nota musical, em frente !


Marcelo Diniz
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terça-feira, 14 de julho de 2015

Toda Forma

Café, poesia e duas doses de ironia


Toda Forma

"Vida, pisa devagar, meu coração cuidado é frágil, meu coração é como vidro...”, Belchior em tom de suplica no emaranhado da letra do clássico Coração Selvagem vinha por alguns anos preparando o meu caminho, feito conselho veio certeiro.

Afinal, um belo dia você acorda, abre a janela e pronto, o mundo resolveu ficar de cabeça para baixo, a sua velha bolinha de gude vem feito bala de canhão no meio do peito, as lágrimas são mais amargas, um porre que desce feito ácido goela a dentro, vida a fora, o maldito relógio que corre, o mal dito pelo não dito, gritos no silêncio de um tempo não escutado, sopro de Quimera... cuspido... escarrado.

Ela vai pisar, na sua essência, nos seus queridos, vai pulsar todos os gritos do mundo em cada milímetro do seu ouvido... é inevitável, mas falar que nos resta aceitar pode parecer um tanto quanto comodista, na realidade dos fatos o digno é suportar, é o levantar para cair para tornar a levantar...

Vida, pisa devagar...  mas abra o olho, eu venho da Terra do Nunca, e lá a gente aprende a voar... te pego na próxima curva !!!


Marcelo Diniz
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domingo, 12 de julho de 2015

Qualquer Amor

Café, poesia e duas doses de ironia


Qualquer Amor

Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, dizia o mestre Guimarães Rosa, e desde então essa frase fica ecoando na minha cachola, batendo de lá pra cá, como pode algo tão simples parecer tão complicado?

O fato é que nos deixamos levar por essa loucura que paira no ar, virou piegas falar de amor, virou brega mostrar que pode amar.

Os caminhos vão ficando estreitos, a união vem do ódio em comum, já não somos um por todos e nem todos por um...  tudo tão confuso, tão estranho, parece um clima de “pós guerra”, será que é nessa hora que aparecem os hippies novamente para acalmar tanta dor ?  aquele povo que cantava e pregava sobre a paz e o amor ?

Que venha a salvação, seja em forma de hippie, em forma de poesia, ou em forma de vida, afinal já dizia o nosso santo filósofo: A medida de amar é amar sem medida !


Marcelo Diniz
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quarta-feira, 8 de julho de 2015

Até quando o amor aguenta...

Café, poesia e duas doses de ironia


Até quando o amor aguenta...


Trabalhou exercendo sua função com louvor,  cansado no final da noite ao berço esplêndido do seu lar regressou... mas uma peripécia do destino não permitiu, e ele nunca mais chegou...  não vou falar sobre o caso em questão (as manchetes fazem por mim essa função), mas isso tudo ficou latejando na minha cachola, e acho que só consegui entender o motivo disso agora.

Pensando que a função de músico também é uma vertente do meu caminho, e que pelo menos um terço do meu ano eu também estou transitando pelas estradas nas madrugadas da vida foi inevitável acender um sinal de alerta, assim como foi inevitável perceber o quanto a vida é frágil, que o mundo passa ao lado e que nem sempre as circunstâncias dependem exclusivamente das nossas ações, temos o imprevisto cotidiano agindo ao bel prazer.

E o quanto é assustador e impressionante essa nossa certeza do incerto, nunca pensamos no imprevisto, seguimos em frente rumo ao nada infinito, vivendo e fazendo sem saber se vamos chegar ao fim do século, ao fim da década, ao fim do ano, ao fim do mês, ao final da hora, ao final do parágrafo... vivemos por uma incrível manifestação da vontade... que vivamos então de verdade.

ps: e que fique aqui também registrado um MUITO OBRIGADO para todas essas forças divinas, do universo, da fé, que tem permitido que eu saia e volte sempre ileso... mesmo se for ao final de um parágrafo que tenha ficado pouco coeso.

Ao infinito e além, AMÉM !!!


Marcelo Diniz
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