domingo, 19 de julho de 2015

Uma Autobiografia Não Autorizada

Café, poesia e duas doses de ironia


*Uma Autobiografia Não Autorizada*

Pessoa dizia: - O poeta é um fingidor
Gullar pedia: - Que a arte aponte uma resposta
Quintana afirmava: - Eles passarão, eu passarinho
Sócrates sacramentava: - Só sei que nada sei

E eu grito: - Socorro!

...quanto mais encontro o meu caminho percebo que estou cada vez mais longe...

Eu finjo saber o cheiro da rosa sem nem ao menos ter vaso em casa, mas já me machuquei com vários espinhos, então de fato tenho conhecimento de causa. Tal qual Pessoa, por completamente: a dor que deveras sente.

Já quis forçar a arte, exigir um caminho, mas a arte é amor, é liberdade, precisa fluir natural... é a vida, como ela é, e até como não é, são as minhas cartas de suicídio, são minhas poesias negadas, e rasgadas, mas também são alegrias, traduzindo anjos, os que me cercam, os que me sopram... são por vezes só o conforto. Sempre fui demasiado humano, buscando a pluralidade na singularidade que me conforta.

Um passarinho, estranho no ninho, patinho feio, apontado, julgado, cobrado, a andorinha que decidiu fazer o verão... era isso afinal, não era pato, não era cisne, e nem era pássaro, era fagulha de Sol... de vontade, de mudança. da esperança das coisas que passarão e até dos erros que cometi e de toda falta de atenção. Passarei ... passará ... passarão.

Não sei até onde chego e nem sei se quero chegar, meu abrigo é o caminho. Não lembro a cor que tem o coração e nem quantas vezes ele bate, mas sinto ele pulsando o sangue, que me escorre em lágrimas, das feridas não cicatrizadas, de amarguras que ainda não tive, de saber que sou tantos e não sou nenhum.

Hoje acho que sou mais arte do que gente, por isso nem sempre sei quem me olha do espelho. E assim será... até a ultima folha, a ultima nota musical, em frente !


Marcelo Diniz
www.marcelodiniz.net



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