sábado, 24 de abril de 2010

O Anjo E O Poeta

Não há poeta que brilhe sem a luz de um anjo

E não há anjo que se aguente sem as emoções de um poeta

Não há vida que passe pelo buraco da fechadura

E não há dor que não se cure com um abraço apertado

E não há trem que pare na estação errada

Porque metade de mim brilha, ainda brilha

E a outra metade é a mais densa escuridão

Não há poeta que não sofra como a dor de um anjo caido

E não há anjo que não cai nas incertezas de um poeta

Não há buraco que não tenha fim, nem os buracos da alma

Não há alma florida num corpo sem jardim

Em nada a verdade é absoluta e nem a impureza é tão bruta

Porque metade de mim está a beira de um precipício

E a outra metade pula para tentar voar


Não há poeta que não se perca em meio as própras idéias

E não há anjo que não pense que as nuvens são de algodão

Não existe amor de general nem tampouco soldado passional

Não existem heróis que não sejam covardes, não existem heróis

E nem existe fantasia ou anarquia em meio a tanta burocracia

Porque metade de mim ainda sonha em chegar na Terra do Nunca

E a outra metade nunca vai entender isso.


Não há anjo que não sonhe em ter uma alma mortal

E não há poeta que não sonhe em se tornar imortal

Não há rosa que seja bela para todo o sempre

E não há vida que perdure como o poeta sonhou

A vida quando acaba cabe em qualquer lugar

Porque metade de mim ainda tenta correr atrás da sombra

E a outra metade já faz parte dela...


- Inspirado na excelente obra de Oswaldo Montenegro - METADE ...

Marcelo Diniz

www.marcelodiniz.net

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