Não há poeta que brilhe sem a luz de um anjo
E não há anjo que se aguente sem as emoções de um poeta
Não há vida que passe pelo buraco da fechadura
E não há dor que não se cure com um abraço apertado
E não há trem que pare na estação errada
Porque metade de mim brilha, ainda brilha
E a outra metade é a mais densa escuridão
E não há anjo que não cai nas incertezas de um poeta
Não há buraco que não tenha fim, nem os buracos da alma
Não há alma florida num corpo sem jardim
Em nada a verdade é absoluta e nem a impureza é tão bruta
Porque metade de mim está a beira de um precipício
E a outra metade pula para tentar voar
E não há anjo que não pense que as nuvens são de algodão
Não existe amor de general nem tampouco soldado passional
Não existem heróis que não sejam covardes, não existem heróis
E nem existe fantasia ou anarquia em meio a tanta burocracia
Porque metade de mim ainda sonha em chegar na Terra do Nunca
E a outra metade nunca vai entender isso.
E não há poeta que não sonhe em se tornar imortal
Não há rosa que seja bela para todo o sempre
E não há vida que perdure como o poeta sonhou
A vida quando acaba cabe em qualquer lugar
Porque metade de mim ainda tenta correr atrás da sombra
E a outra metade já faz parte dela...
- Inspirado na excelente obra de Oswaldo Montenegro - METADE ...
Marcelo Diniz
Nenhum comentário:
Postar um comentário