Tinha um poeta na família
Mas passava as tardes frias
Lendo as bulas de remédio
Nas de calor então
Procurava outra diversão
Para espantar esse tédio
Reclamava sobre a cultura
Sobre a falta de noção
Desse povo iletrado e pagão
Que desperdiçava o tempo
Que fazia litros de vinho
E só tomava o vinagre
E nem percebia que fazia igual
Pois era cheio de santos em casa
Mas nunca acreditou em milagre...
Marcelo Diniz
www.marcelodiniz.net
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
Cena de Cinema
É a mesma janela, passei décadas naquele parapeito, e o
tempo foi comendo o cenário ao redor, sempre aparece um bem-te-vi esperando
alguma migalha que caia da minha mão ou caçando pequenos bichos pelo chão,
claro que não é o mesmo pássaro, mas é sempre a mesma cena... as grades, o
portão, o poste e suas trincas, o asfalto judiado, as plantas, e a
árvore... que vem crescendo por décadas,
e sendo podada, crescendo e sendo podada.
Reflexos da vida, vai ver que do parapeito do caule ela vem me observando por algumas décadas também, crescendo e sendo podado, moldado, as tardes que passam feito o faminto pássaro nas minhas migalhas de saudade.
Reflexos da vida, vai ver que do parapeito do caule ela vem me observando por algumas décadas também, crescendo e sendo podado, moldado, as tardes que passam feito o faminto pássaro nas minhas migalhas de saudade.
Sempre a mesma cena, até que a sorte nos espalhe.
Marcelo Diniz
domingo, 9 de fevereiro de 2014
Passos
Ainda passo por lá
Para celebrar
A dor das minhas derrotas
...o cheiro do diesel
O suor na testa
O gosto amargo na boca...
Ainda passo por lá
Buscando paz aos olhos
E quem sabe um dia
Eu consiga passar
Sem tem que ir até lá...
Enquanto isso
Passo, passos, passo...
Marcelo Diniz
www.marcelodiniz.net
Para celebrar
A dor das minhas derrotas
...o cheiro do diesel
O suor na testa
O gosto amargo na boca...
Ainda passo por lá
Buscando paz aos olhos
E quem sabe um dia
Eu consiga passar
Sem tem que ir até lá...
Enquanto isso
Passo, passos, passo...
Marcelo Diniz
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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
Por Mais Que A Gente Grite
Você passa anos criando uma conduta, construindo seus dogmas
e tabus, mas basta uma única situação em
que na tênue linha a emoção for mais pesada que a razão, que tudo aquilo que
você jurou que nunca faria torna-se um fato normal, seus dogmas e tabus
escorrem pelo buraco do ralo e sua conduta é soprada para fora da sua essência
como simples poeira em vão.
Pode ser que isso tenha relação com o tal livre arbítrio,
com a nossa possibilidade de escolhas, é como ter a perna toda machucada e
escolher tratar só uma ou outra ferida, mas eu ainda acho que é por que ainda
não percebemos que ninguém nos salva da vida.
Vida que se manifesta por pura falta de opção, deixando
fluir vontade, e brota um ser, mesmo sem saber se ele já quer ser, e brota uma
dúvida, que vira uma idéia, que agrupa
algumas linhas, e faz então um verso... brota o universo.
Marcelo Diniz
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domingo, 2 de fevereiro de 2014
Catavento
Acaba sendo estranho
Porque isso tudo
É contra a minha conduta
Mas... nesses momentos...
Nos motivos do coração
Nem sempre da tempo de brigar
Quando percebemos, já perdemos a luta
Vencido, enjaulado
Leão amortecido
Atento aos passos
Na espreita do perigo
Correndo... atrás...
Do próprio rabo
Marcelo Diniz
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Porque isso tudo
É contra a minha conduta
Mas... nesses momentos...
Nos motivos do coração
Nem sempre da tempo de brigar
Quando percebemos, já perdemos a luta
Vencido, enjaulado
Leão amortecido
Atento aos passos
Na espreita do perigo
Correndo... atrás...
Do próprio rabo
Marcelo Diniz
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sábado, 1 de fevereiro de 2014
Dez anos ou mais
Já é um tempo nessa abstinência
Afogo todas as mágoas
Numa garrafa de água gelada
Mas o inferno é igual...
Na hora da violenta amargura
Feito um bêbado rastejante
Percebo minha face
Estampada...
No meio da privada...
Lá é o altar de cada pecado
É o grito, outrora engolido
E o riso amarelo, engasgado
Marcelo Diniz
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Afogo todas as mágoas
Numa garrafa de água gelada
Mas o inferno é igual...
Na hora da violenta amargura
Feito um bêbado rastejante
Percebo minha face
Estampada...
No meio da privada...
Lá é o altar de cada pecado
É o grito, outrora engolido
E o riso amarelo, engasgado
Marcelo Diniz
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Hippie pós Moderno
Numa dessas noites, passei perto de uma confusão na
rua, era uma briga de fato, e uma das pessoas falava – Eu sou um ex-fuzileiro
do exército francês, eu poderia ter “morrido” ele... Claro que essa conjugação
foi devido ao nosso complicado idioma para um estrangeiro , mas segui andando
para longe daquilo e a frase continuava martelando a minha cabeça, no fim das
contas acho que é esse o ofício de um soldado mesmo, cada vida que vai é um
pedaço dele indo junto, eu poderia ter morrido faz total sentido, quando falta
ombro, quando falta abrigo.
Cada dia tenho mais certeza de que as coisas estão ficando
perdidas pelo caminho, e cada dia tenho mais certeza de que a culpa é toda
nossa.
Afinal, o ódio é um sentido natural, assim como também é o
amor, é só através da luz que você conseguirá enxergar a cor, uma rosa vermelha,
um girassol amarelo, um hippie colorido de paz&amor !
Marcelo Diniz
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Dias não vão em vão
Tem dias que passo em lugares
Pra semear o jardim
Da minha saudade
Tem dias que passo
Pra sentir o quanto dói
Cada derrota
Tem dias que
Perdido vou caçar a Lua
Por cada beco, em cada rua
Tem dias
Que não chegam
E não passam
Marcelo Diniz
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Pra semear o jardim
Da minha saudade
Tem dias que passo
Pra sentir o quanto dói
Cada derrota
Tem dias que
Perdido vou caçar a Lua
Por cada beco, em cada rua
Tem dias
Que não chegam
E não passam
Marcelo Diniz
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