sábado, 18 de dezembro de 2010

O baú das coisas do avesso

No baú das minhas coisas do avesso
Já guardei um punhado de noites
Das viradas em claro, lágrimas cristalinas
Das chapadas, entorpecidas
De loucuras inconsequentes
De uma juventude fria
Em tempos e fatos quentes
Ardentes cartas que nunca foram entregues
Em lembranças tortas e remotas
De uma angustia solta, e afogada
Em outra dose de amargura
Guardei muitas fotos, de vários tamanhos
E de várias épocas, diferentes dentro da mesma semana
Outras em invernos distantes
E olhando para elas, reparei
Que tal qual o retrato de Dorian
Vai ficando tudo assustador
Tudo enrugado
Feio em seu espaço
E tudo ao redor então apodrece
Na mais solene calma

O tempo e os erros...


Marcelo Diniz
www.marcelodiniz.net

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