terça-feira, 31 de maio de 2011

As folhas, de algum outono!

Da outrora, algum tempo
Inverno em outono
Em herança frenética
Da lembrança genética
Sinto o cheiro das folhas
O tronco eucaliptico
Da corte em devaneio
Ribanceira abaixo
Em batalha sangrenta
Confronto apocalíptico
De tantos, muitos se foram
Num golpe fatal
Sem pensar no perigo
Outros caíram abatidos
Sangrando na relva
Agonizantes feridos

Numa flecha veloz
De um voraz inimigo
Senti a goela quente
Num ultimo suspiro
Cai no caminho, aflito
E a ultima lembrança
... o cheiro das folhas
No colo do eucalipto!


Marcelo Diniz
www.marcelodiniz.net

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Pedra

Uma pedra no caminho
Dessas que brotam do asfalto
E a gente passa e chuta

Pedaço de chão sozinho
Natureza morta
Em pedra bruta

Dos momentos que rodam
E nos rondam
Em desejos que brotam

Em força bruta me faço
Me desprego do chão
E do mundo, sou pedaço!


Marcelo Diniz
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quinta-feira, 26 de maio de 2011

19:00 post meridiem

Sem rumo
Sai caminhando
Procurando um beco escuro
Onde eu pudesse gritar
Gritar ao vento, sem barulho
Tentando achar um sentindo
Achar um além
Gritando sem rumo
Num beco sem fim
Atrás de um ombro
Atrás de uma saída
Atrás de mim
Enfim...
Caminhando
Atrás de um beco
No meu rosto
Cicatriz exposta
Um ditador deposto
Um sinal de vida
Ou um suspiro em falência
Um buraco torto, sem vida, morto!


Marcelo Diniz
www.marcelodiniz.net

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Atores na Torre

Apagam-se as luzes,
Fecham-se as cortinas
E os atores ainda em cena
O final de mais um espetáculo
E os atores éramos nós,
Que pena !

No final tudo vira farra,
Uma grande orgia
E isso vai passando,
Por anos, meses, dias
Até que o protagonista
Esquece a fala, e para

Sem decorar o papel
Apenas pessoa
Atuando nessa estranha e confusa
Torre de Babel


Marcelo Diniz
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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Longe De Tudo

Mira a margem e joga
Isca fisga e rasga
Mira o fundo e pula
Espera o ar que sobra
Dentro da ultima esperança
Em bolhas de momentos
Gira ao fundo e volta
Num tufão relâmpago
Ondas revoltas
Limbo espesso em dorso


Marcelo Diniz
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terça-feira, 17 de maio de 2011

Lua cheia

Era lua cheia
Grande e cinza
Parada no céu
Lua cheia de nada
Uma doce ilusão
Lua dos olhos seus
E eram olhos cheios
De vontades
De idéias
De razões
Tal qual a lua
No topo do céu, parada
Um grande e cinza
Pedaço de sonho
Pedaço de nada!


Marcelo Diniz
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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Inverno em mim...

E quando bate o inverno
A poesia também aflora
Acho que busco palavras quentes
Que esquentem a alma
Da janela olho para uma estrela
E da estrela avisto o fim
Luz que brilha e já não existe
Um passado, presente
Tal qual saudade
Que passa, que fica
Ausente
Só passado, em mente...
Da janela olho uma estrela
E dentro do brilho busco um calor
Que aqueça enfim
Esse inverno em mim...


Marcelo Diniz
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domingo, 15 de maio de 2011

Reflexos

Um papo reto
Do torto ao direto
Sem delongas
Sem rodeios
Sem clichê
Sempre alerta, esperto
Ao menos sincero
Sem ombro amigo
Sem mão do carrasco
Sem juiz ou júri
Sincero comigo
Que seja honesto
Só assim consigo encarar
De cabeça erguida
Dentro dos olhos
Em reflexo inteiro
Aquela figura perdida
Estampada no centro
Do meu espelho!


Marcelo Diniz
www.marcelodiniz.net