quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Outra nova estação

Pólen, de pó ao vento
Rumo, de todo momento
Indo, calor dos tempos
Mudo, meus pensamentos
Aguardo, um anseio voraz
Vejo, um temor fugaz
Encontro, a chave do porão escuro
Recrio, um novo tijolo num velho muro
Acendo, em brilho eterno, novo mundo


Marcelo Diniz
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Pedaços ( 02 )

Certa vez tentei escrever sobre pedaços
Desses que passam por nós, e por vezes marcam
Em outras furam, em muitas só passam
Mas percebi que assim como a aguá
Que corre pelo rio
Cada pedaço assim que passa, já mudou
Metamorfose constante

Queria prestar um tributo aos pedaços
Aos que foram especiais
Aos que ensinaram que o buraco nunca é fundo
Aos que passaram feito vento
E aliviaram as feridas abertas

Somos formados por pedaços
Ilhas soltas, no oceano do universo
E cada um desses que passam
Somam, grudam, formam

Sejamos continente
Pedaços que formam
E formam a vida
Sejamos gente...


Marcelo Diniz
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domingo, 19 de setembro de 2010

Cinzas ao vento

Estou perdido
Bem no centro de um labirinto
De luzes acesas
Queimando em mim
Sensação torta
De dias cinzas
De ter começado pelo fim
Em um quarto escuro
Eremita em apuros
Sem vela
Sem ar
Sem foco
Sem sim...


Marcelo Diniz
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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Ativista

Afeto em prosa, contento
Com versos e rosas, intento
Intenso demais, em momentos
Tenso e sagaz, ao vento
Em brasa quente, me marco
Outrora com medo, disfarço
Procuro em refúgio, um abraço

Ondas tremulam em vibração
Ao acaso em tão só canção
Cantam em coro, desafinados
Um tom alto, plagiado
Lugar nenhum, vibração retida
Onde nem vento, nem som, nem vida
Verde encanto, de esperança reflete
Espirito limpo de aura se veste
Escrevo no tempo, me rasgo em poesia
Recrio a idéia, antes que seja tardia


Marcelo Diniz
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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Balada em dó menor

Eu sangro até secar
Coração ferido
Cabeça rachada ao meio
Momentos de glória e alivio
Vão com o sopro de um fraco vento
Tão dificil subir
Vontade de pular, gritar
Queria mesmo era ser um acorde
Um acorde em tonalidade menor
Dedilhado num piano
Uma balada introspectiva
Dessas que fazem o coração sangrar
E eu sangro, até secar ...


Marcelo Diniz
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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Epitáfio (03)

Escrevam tambem sobre a fuga
Por toda a vontade de sumir
Inocente esperança de outros tempos
Tempos transtornados, ventanias
Ao redor, nem santo nem casa
Findo em mim, por todo o fim
Indo assim até onde couber
Outro buraco, uma lápide qualquer!


Marcelo Diniz
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domingo, 5 de setembro de 2010

Epitáfio (02)

Escrevam sobre o desamor
Por quantas noites em claro
Impossiveis horas a fio
Tão longe de tudo, longe de mim
Aos prantos e barrancos
Fica claro, em desprezo
Inicio errado em desejo
Outra linha ainda torta


Marcelo Diniz
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Epitáfio

Escrevam sobre a dor
Por entre os olhos, latejante
Insólita e sempre presente
Tamanha desavença com uma pobre mente
Angustia inquieta de uma revolta incerta
Fui, mas deixo aqui as raizes
Incertas, improváveis e inconstantes
Ou deixo só a dor, incerta desse instante.


Marcelo Diniz
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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Variáveis

Vidas secas, olhos úmidos
Ao redor, no centro, furacão
Raios enfurecidos cruzam o céu
Incandescente luz, sinal dos tempos
Aos que ficam, desejo sorte
Caótico final, em alerta
Outro muro, outras pedras
Em chamas, cidade seca
Sede de quem te chama

Das lembranças, a mais viva
Era de um lábio saciado

Uma mente em mutação, constante
Mente difusa, distante, confusa

Muito além do que convém
Esse deve ser o ponto
Sete dias em um minuto
Muitas vidas em um segundo
Outros anos, vários mundos

Teorema de uma inatividade
Esquema tático abstrato
Mente constante, abstraindo outra parte
Arte pela vida, arte pela arte


Marcelo Diniz
www.marcelodiniz.net